PARA A TURMA E-3101 - PEDRO ADAMI - AGOSTO 2011

Olá, pessoas amadas. Na canção a seguir, a situação de Cazuza não é das melhores. Suponha que o eu-lírico do texto (só para relembrar, "eu-lírico" é a voz que fala no texto) seja seu amigo. Ele não está bem. Não está nada bem. Ele e você têm uma amiga em comum, que também não está bem. Quem é ela? A nossa Clarisse (de Renato Russo), que vocês já conhecem de outros carnavais. A atividade é simples: você e Clarisse vão visitar Cazuza, que está no hospital. Tudo bem até aqui? Sua parte na situação é criar um diálogo entre Cazuza e Clarisse. Os dois estão mal. São amigos bem próximos, assim como você. Estão conversando, tentando se ajudar ou simplesmente fazendo um desabafo. Como seria essa conversa, levando em conta a realidade dos dois? Depois da conversa deles que você vai criar, você fará uma pequena interferência, aconselhando os dois. Tranquilo?  Ah, mandar para o mesmo e-mail até o dia 22/08: isacmoura@gmail.com
Ah, sim, o mínimo de linhas... é mesmo. Vinte linhas, já que se trata de um diálogo, com travessões e tudo. Tá bom, né? Lembre-se que o diálogo terá três personagens: Cazuza, Clarisse e você. 


COBAIAS DE DEUS
(Angela Rô Rô / Cazuza)

Se você quer saber como eu me sinto
Vá a um laboratório ou um labirinto
Seja atropelado por esse trem da morte

Vá ver as cobaias de Deus
Andando na rua, pedindo perdão
Vá a uma igreja qualquer
Pois lá se desfazem em sermão

Me sinto uma cobaia, um rato enorme
Nas mãos de Deus mulher
De um Deus de saia
Cagando e andando
Vou ver o ET
Ouvir um cantor de blues
Em outra encarnação

Nós, as cobaias de Deus
Nós somos cobaias de Deus
Nós somos as cobaias de Deus

Me tire dessa jaula, irmão, não sou macaco
Desse hospital maquiavélico
Meu pai e minha mãe, eu estou com medo
Porque eles vão deixar a sorte me levar

Você vai me ajudar, traga a garrafa
Estou desmilinguido, cara de boi lavado
Traga uma corda, irmão (irmão, acorda!)
Nós, as cobaias, vivemos muito sós
Por isso, Deus tem pena e nos põe na cadeia
E nos faz cantar, dentro de uma cadeia
E nos põe numa clínica e nos faz voar

Nós, as cobaias de Deus...


Clarisse - Renato Russo

Estou cansado de ser vilipendiado
incompreendido e descartado.
Quem diz que me entende nunca quis saber.
Aquele menino foi internado numa clínica
Dizem que por falta de atenção dos amigos, das lembranças
Dos sonhos que se configuram tristes e inertes.
Como uma ampulheta imóvel, não se mexe,
Não se move, não trabalha.
E Clarisse está trancada no banheiro
E faz marcas no seu corpo com seu pequeno canivete.
Deitada no canto, seus tornozelos sangram
E a dor é menor do que parece.
Quando ela se corta ela se esquece
Que é impossível ter da vida calma e força.
Viver em dor, o que ninguém entende
Tentar ser forte a todo e cada amanhecer.
Uma de suas amigas já se foi
Quando mais uma ocorrência policial.
Ninguém entende, não me olhe assim
Com este semblante de bom samaritano
Cumprindo o seu dever, como se eu fosse doente,
Como se toda essa dor fosse diferente, ou inexistente.
Nada existe pra mim, não tente
Você não sabe e não entende.
E quando os antidepressivos
e os calmantes não fazem mais efeito,
Clarisse sabe que a loucura está presente
E sente a essência estranha do que é a morte,
Mas esse vazio ela conhece muito bem,
De quando em quando é um novo tratamento,
Mas o mundo continua sempre o mesmo:
O medo de voltar pra casa à noite
Os homens que se esfregam nojentos
No caminho de ida e volta da escola,
A falta de esperança e o tormento
De saber que nada é justo e pouco é certo
E que estamos destruindo o futuro
E que a maldade anda sempre aqui por perto
A violência e a injustiça que existe
Contra todas as meninas e mulheres
Um mundo onde a verdade é o avesso
E a alegria já não tem mais endereço.
Clarisse está trancada no seu quarto
Com seus discos e seus livros, seu cansaço...
Eu sou um pássaro
Me trancam na gaiola
E esperam que eu cante como antes
Eu sou um pássaro
Me trancam na gaiola
Mas um dia eu consigo resistir
E vou voar pelo caminho mais bonito.
Clarisse só tem quatorze anos.


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