RESENHA E RESUMO



A resenha é um tipo de trabalho que para ser feito é necessário que se tenha domínio do assunto abordado. “Somente o conhecimento profundo permitirá a você estabelecer comparações e fornecerá a maturidade intelectual necessária para a emissão de qualquer julgamento de valor, ou seja, dizer se concorda ou discorda com as considerações apresentadas pela obra e texto a ser resenhado.”

Muito utilizado nos meios acadêmicos, esse recurso pode ser usado para fazer uma análise crítica de qualquer acontecimento da realidade (um filme, uma peça teatral, um evento esportivo, etc), além de livros (inteiros ou parte deles) e textos diversos.

Ao elaborar uma resenha, o resenhista tem um objetivo, ou seja, sua intenção pode ser, por exemplo, a de fazer publicidade ou a de adquirir conhecimento sobre o objeto. A partir desse objetivo deve-se determinar os pontos relevantes do objeto a ser resenhado. Por exemplo, ao resenhar um livro, com o objetivo de promovê-lo, não é relevante informar seu custo de produção, mas é imprescindível destacar os dados referentes ao autor da obra.

A resenha é, portanto, “[...] um texto que apresenta informações selecionadas e resumidas sobre o conteúdo de outro texto, trazendo, além das informações, comentários e avaliações do resenhista.”  (Resenha, 2004. p. 15)

 

O fragmento abaixo é um exemplo de resenha.

 

“[...] É sensacional! Méritos para o estreante, roteirista e diretor Sylvain Chomet, que criou um universo charmoso e criativo, no qual opta por espelhar-se no cinema mudo apresentando uma mistura de raros diálogos, canções e movimentos. Além da simples história que exibe uma trama cativante e envolvente, o encanto certamente está no gráfico em 2D, devido aos divertidos traços caricaturados das feições humanas e dos ambientes com cores leves.[...]”

 

Esse fragmento foi extraído da resenha de um filme. Note que os termos em destaque (sensacional, charmoso, criativo, simples, etc) representam a opinião do resenhista. Ele procurou (e conseguiu): mostrar as informações de forma resumida, mostrar as informações mais relevantes e posicionar-se criticamente em relação ao objeto resenhado.

 

 

O resumo, assim como a resenha, deve conter dados selecionados e sucintos sobre o conteúdo de outro texto. A diferença reside no fato de o resumo não conter comentários ou avaliações de seu produtor. Em outras palavras, o resumo é uma redução das ideias contidas num texto, mantendo a fidelidade ao texto original. Eis algumas dicas para facilitar a produção de um resumo:

 

  1. Leia atentamente o texto a ser resumido, certifique-se de tê-lo entendido;

 

  1. Utilize a inserção de citações. (Segundo o autor… / Fulano de tal considera… / De acordo com que afirma…) ;

 

  1. Redija-o em linguagem objetiva, clara e concisa;

 

  1. Escreva-o com suas palavras, evitando copiar as frases e expressões contidas no texto original;

 

  1. Desconsidere conteúdos facilmente inferíveis; (“Maria era uma pessoa muito boa. Gostava de ajudar as pessoas…”)

 

  1. Ignore expressões explicativas; (“Discutiremos a construção de textos argumentativos, isto é aqueles nos quais…”)

 

  1.  Não use expressões que exemplifiquem; (As pessoas deveriam ler, também outros autores. Por exemplo…

 

  1. Não considere as justificativas de uma afirmação; (“Não corra tanto, pois quando se corre…”)

 

  1. Reduza o texto a uma fração do texto original, respeitando a ordem em que as ideias ou fatos são apresentados;

 

O fragmento abaixo é um exemplo de resumo:

 

“Leonardo Boff inicia o artigo ‘A cultura da paz’ apontando o fato de que vivemos em uma cultura que se caracteriza fundamentalmente pela violência. Diante disso, o autor levanta a questão da possibilidade de essa violência poder ser superada ou não. Inicialmente, ele apresenta argumentos que sustentam a tese de que seria impossível, pois as próprias características psicológicas humanas e um conjunto de forças naturais e sociais reforçariam essa cultura da violência, tornando difícil sua superação. Mas, mesmo reconhecendo o poder dessas forças, Boff considera que, nesse momento, é indispensável estabelecermos uma cultura de paz contra a violência, pois essa estaria nos levando à extinção da vida humana no planeta. Segundo o autor, seria possível construir essa cultura, pelo fato de que os seres humanos são providos de componentes genéticos que nos permitem sermos sociais, cooperativos, criadores e dotados de recursos para limitar a violência e de que a essência do ser humano seria o cuidado, definido pelo autor como sendo uma relação amorosa com a realidade, que poderia levar à superação da violência. A partir dessas constatações, o teólogo conclui, incitando-nos a despertar as potencialidades humanas para a paz, como projeto pessoal e coletivo.”

 

A corrente do bem de Mimi Leder - RESENHA

Convenhamos: é muito difícil julgar os bem intencionados. Essa é a grande pedra no caminho de uma análise deste novo trabalho da diretora Mimi Leder, mulher como Madre Teresa, cheia de compaixão pelo mundo como Madre Teresa, mas que, em vez de circular nos hospitais e ruas da Índia, está num lugar chamado Hollywood, fazendo filmes. Não tenho forças para tirar essa pedra do meu caminho. Peço licença, então, para subir em cima dela, de modo a olhar para o filme fazendo de conta que ela não está ali. A pedra, é claro, está sob os meus pés, eu sei disso, mas tentarei não olhar para baixo. Não olhem também, nos próximos cinco minutos. O que vemos então? Um belo punhado de personagens sofredores: um professor solitário, com o corpo coberto de cicatrizes; uma mulher alcoólatra, abandonada pelo marido violento; um garoto de 10 anos, filho desta mulher, rezando para que o pai não volte tão cedo. Temos também um mendigo viciado, uma velha que vive dentro de um carro em Las Vegas e um jornalista atrás de uma história maluca, a tal "Corrente dos Três Favores", muito parecida com essas bobagens que circulam todos os dias pela Internet, prometendo dinheiro fácil ou a salvação de um pobre coitado no outro lado do planeta. Esse jornalista não é exatamente um sofredor (apesar de ter ser carro arrebentado na primeira cena), e não precisamos sentir pena dele, o que é um alívio, mas, infelizmente, ele também é o personagem mais artificial, fraco e desinteressante do filme. Não passa de um truque narrativo para contar a história com uma pretendida grandiloquência. E, como A corrente do bem começa e termina com ele, é inevitável que a sua artificialidade contamine o todo da obra.

Mimi Leder teria alguma chance se, em vez de, pretensiosamente, propor um painel da boa vontade entre os homens, se concentrasse naquele agudo drama familiar, aproveitando seu elenco talentoso: Kevin Spacey (com um olhar meio bobão, mas ainda convincente), Helen Hunt (meio caricata) e o pequeno Haley Joel Osment (confirmando ser um grande ator). Leder sabe filmar e, nos momentos intimistas da trama, consegue captar emoção e fazer o conflito crescer. Pena que, com seu complexo de Madre Teresa, volte sempre ao plano didático, quase de catecismo, e aí as suas boas intenções, em vez de ajudar aos pobres espectadores, só trazem irritação, como acontecia em Impacto profundo. Vamos agora sair de cima da pedra, já que, como dá pra ver na última frase que escrevi, não foi possível analisar o filme sob um 36

prisma simplesmente formal. Como sempre, o modo de narrar está ligado, por cadeias invisíveis, ao que é narrado. Então, dou um pontapé na pedra e, obviamente, só consigo me ferir e sentir dor no dedão. A pedra estava no meio do caminho e lá vai permanecer por um longo tempo. Confesso que o destino final do garoto me surpreendeu. Eu esperava um final feliz tradicional, e o roteiro conseguiu uma virada bem interessante (e lógica). Se o filme terminasse por ali, teria se redimido parcialmente; entretanto, Mimi Leder caiu na tentação de sempre: o exagero moralista. O último plano, com todas aquelas velas e o clima de "paz na terra aos homens de boa vontade" é uma outra pedra de várias toneladas caindo no meu caminho. Subo também sobre esta e lanço ao vazio as palavras de Nietzsche: "Quem narra alguma coisa, logo deixa perceber se narra porque o fato lhe interessa ou porque quer despertar o interesse mediante a narrativa. Neste caso, ele exagera, usa superlativos e faz coisas assim. Então, ele geralmente não narra tão bem, porque pensa mais em si do que no assunto." (aforisma 343 de "Humano, demasiado humano", Companhia das Letras, 2000)

 

1. Qual a relação que o autor faz entre a diretora do filme “A corrente do bem”, Mimi Leder e a Madre Teresa de Calcutá?

 

2. No segundo parágrafo, o autor da resenha se coloca explicitamente em seu texto.

 

a) Copie um trecho que mostre isso.

 

b) Também seria possível ao autor de um resumo também usar a 1ª pessoa e se incluir no texto? Por quê?

 

3. Como o resenhista avalia cada um dos personagens principais do filme?

 

a) O professor

 

b) A mãe do garoto

 

c) O garoto

 

d) O jornalista

 

4. De acordo com o autor, quais foram os principais erros e acertos na direção de Mimi Leder no filme “A corrente do bem”?

 

5. O resenhista admite que se surpreendeu com o final do filme, mas não o revela.  Qual foi o ponto positivo e o ponto negativo no final do filme na opinião do autor?

 

A Corrente do Bem – Mimi Leder -  2000 - RESUMO

O filme “A corrente do bem” retrata a história de um professor e de seus aluno(a)s no início do ano letivo. Eugene Simonet é professor de Estudos Sociais e, durante suas aulas, fez um desafio aos aluno(a)s: um trabalho em que apresentassem uma ideia que pudesse transformar o mundo e torná-lo um lugar melhor para se viver.

Todos os aluno(a)s trouxeram suas sugestões. A maior parte deles desenvolveu atividades sobre o meio ambiente. Um dos aluno(a)s, porém, Trevor McKinney, teve destaque ao criar uma espécie de jogo em que uma pessoa, a cada favor recebido, teria que retribuir para outras três pessoas e assim sucessivamente. Trevor chamou sua ideia de “Passe adiante”, que despertou surpresa no professor.

Um dia, ao voltar para casa após a aula, Trevor resolveu ajudar a primeira pessoa que encontrasse no caminho. Encontrou um homem drogado, que estava procurando alimentos no lixo e o levou para casa, dando-lhe o que comer e o que vestir. A mãe de Trevor foi sua segunda tentativa. Abandonada pelo marido e com a responsabilidade de sustentar o filho, ela trabalhava fora o dia todo e, por causa dos problemas diários, começou a beber. Trevor, então, tentou fazer com que ela abandonasse o vício.

Sua terceira investida foi com seu professor, que era introvertido. Trevor armou um encontro dele com sua mãe, que estava sempre sozinha.

Com o passar dos meses, a notícia do “Passe adiante” tinha se espalhado. A primeira pessoa, o estranho ajudado por Trevor, já estava fazendo o mesmo por outra e sua mãe também perdoara a sua avó. O projeto, assim, acabou ganhando grandes proporções, atingiu pessoas de outros lugares e chegou ao conhecimento de um repórter que queria cobrir a história.

Depois de conceder uma entrevista ao jornalista, Trevor viu seu amigo sendo agredido por uns garotos e, corajoso, foi tentar ajudá-lo, mas acabou sendo brutalmente atingido por um estilete que um dos agressores carregava.

Trevor não resistiu aos ferimentos e morreu. Pessoas de outros lugares que souberam da ideia do “passe adiante” vieram para fazer vigília em frente à casa de Trevor para homenageá-lo.

(Egeslaine Nez. Resumo e resenha crítica do filme “A corrente do bem”).

 

PARA FAZER UM BOM RESUMO:

 

            1°) ELIMINAÇÃO – É fácil perceber que vários detalhes foram omitidos do resumo. O autor, ao criar o seu resumo, precisou selecionar o que escrever, que dados eram mais relevantes e que detalhes poderiam ficar de fora.

            2°) ENUMERAÇÃO – Você também deve ter notado que há uma sequência lógica no resumo. O texto, afinal, precisa fazer sentido e não pode confundir o leitor. Para isso, aquele que escreve o resumo deve estar atento à ordem que vai utilizar para apresentar as informações selecionadas.

            Por isso, podemos dizer que esses dois processos, eliminação e enumeração, são fundamentais para a escrita de um resumo.

            Outro aspecto de extrema relevância ao produzir um resumo é omitir a própria opinião. Você observou que no texto sobre o filme não houve expressão do posicionamento do autor em nenhum momento? As palavras e ideias colocadas estão, de fato, presentes no filme e não podem se confundir com as impressões de seu autor. Caso contrário, vira um conselho e não um resumo.

            Independente do que você precise resumir, as dicas, a seguir, certamente vão te ajudar.

           

1) Tente identificar o tema do texto a ser resumido. De que ele trata, afinal?

2) Sublinhe as frases mais importantes de cada parágrafo.

3) Copie essas frases na mesma ordem em que apareceram no texto original.

4) Agora, tente juntar, amarrar essas frases num único texto de forma coerente. Use o que aprendeu sobre coesão.

5) Faça uma leitura final e verifique se algo importante ficou de fora ou se tem informações sobrando. Faça os ajustes necessários.

6) Finalmente, confirme se o seu resumo está de acordo com o texto original e se você não deixou escapar nenhuma opinião pessoal.

Pronto. Seu resumo está concluído. Viu como foi fácil?


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