A COMPETÊNCIA 3 DA REDAÇÃO DO ENEM
A competência 3 avalia a seleção, organização e interpretação de informações, fatos e opiniões sobre o tema em defesa de um ponto de vista
Mais do que saber redigir um
bom texto, os participantes da prova de redação do Enem precisam estar atentos
às cinco competências de avaliação dispostas na Matriz de Referência
considerada pela banca avaliadora.
Embora cada um dos cinco
critérios de avaliação tenha o valor de 200 pontos, muitos professores e alunos
consideram a terceira competência como sendo complexa e determinante para a
pontuação nas demais competências. A competência 3 avalia a seleção, relação,
organização e interpretação de informações, fatos e opiniões em defesa de um
ponto de vista. Isso significa que essa competência avalia a qualidade, a
consistência argumentativa e a capacidade de persuasão do autor do texto. Além
disso, é na terceira competência que o avaliador verifica se o texto é apenas
uma dissertação ou se, além de informar sobre um determinado tema, o autor
manifesta seu posicionamento e faz críticas com relação às informações selecionadas
para persuadir o leitor.
Muitos participantes têm
dúvidas com relação à manifestação do ponto de vista em primeira pessoa do
singular (eu acho, na minha opinião, concordo com, discordo de...) na redação
do Enem. Um dos motivos é por acreditarem que a dissertação deve ser imparcial.
Acontece que o texto dissertativo-argumentativo, como o Artigo de Opinião, o
Editorial, a Crônica e a Carta argumentativa, carrega em sua essência não
somente a discussão sobre o tema, conforme sugere uma dissertação, mas, sim, o
posicionamento do autor.
Na Matriz de Referência,
utilizada para atribuir maior lisura e justeza ao processo avaliativo, estão
dispostas as cinco competências a serem avaliadas nos textos dos participantes.
Cada competência é avaliada a partir de uma escala de níveis que varia de 0 a 5
pontos; cada nível tem o valor de 40 pontos, totalizando 200 pontos para cada
competência.
Com relação à competência 3,
podemos perceber claramente, a partir do nível 3, que todos os argumentos devem
ser apresentados em defesa de um ponto de vista. Isso significa que um texto
sem ponto de vista deve ser pontuado no nível 2, principalmente se o autor
estiver mais focado no assunto de modo geral do que no tema propriamente dito.
Basta que o participante do
Enem leia a Matriz de Referência para compreender que manifestação dos pontos
de vista do autor a respeito das informações inseridas no texto não é
facultativa, mas obrigatória, já que a base do texto não é apenas dissertativa
(falar sobre), mas também argumentativa (manifestação do posicionamento
individual do autor a respeito do tema).
Para que você se sinta mais
confiante com relação à competência 3, leia a seguir as nossas dicas:
Dez dicas para você
conseguir 200 pontos na competência 3 da prova de Redação do Enem:
1) A Competência 3 é
avaliada com bastante cautela e atenção pelos avaliadores, já que ela traz
informações preciosas sobre o sujeito autor, o que ele pensa a respeito do
tema, de que maneira problematiza questões sociais, enxerga o mundo a sua volta
e se coloca no mundo discursivamente, seja em âmbito formal, como em um texto
de natureza argumentativa, seja em uma conversa informal, com aqueles de seu
convívio. Nessa competência é possível avaliar se os sujeitos estão
amadurecidos, de que maneira convencem os outros sobre determinados assuntos a
partir da palavra, já que isso fazemos o tempo todo, na escola, em uma roda de
amigos, no trabalho, nas redes sociais: sempre temos alguma coisa a dizer sobre
determinado assunto.
2) O autor deve atentar ao
fato de que os leitores buscam em seu texto informações novas sobre o tema,
pois o senso comum ele já sabe por meio das mídias de massa, como TV, rádio e
internet. Isso significa que o autor jamais deve reproduzir informações óbvias,
ele deve trazer para a discussão argumentos consistentes que façam o leitor
questionar-se: “Como não pensei nisso antes?”.
3) O autor deve desenvolver
sua tese a respeito do tema e selecionar argumentos com o objetivo de
sustentá-la até o final do texto e de convencer os leitores de todas as idades,
gêneros ou classes sociais a acatarem seus pontos de vista. Isso não é tarefa
fácil, já que há todo tipo de leitores, como aqueles que acreditam na primeira
notícia que leem e outros que são bastante desconfiados. Afinal, quem é você,
autor, para que eu acredite em você?
4) Uma argumentação
consistente envolve a seleção, organização e interpretação de dados, fatos e informações
que possam ser comprovados a partir de pesquisas, números e notícias, bem como
a mobilização de outras vozes de autoridade para concordar ou refutar. Em suma,
os argumentos consistentes são aqueles que não partem do “achismo” do autor.
5) Um grande problema que
encontramos a respeito da competência 3 é a reprodução de informações que a
maioria já está cansada de saber, pois, de tão divulgadas nas mídias, são
comuns e não despertam a reflexão. O leitor sai da leitura do texto do mesmo
jeito que entrou. Nesses casos, podemos considerar que o texto não tenha
cumprido seu objetivo, apenas “ludibriou” o leitor. O autor deve problematizar
o tema, não reproduzir constatações.
6) Para convencer/persuadir
os leitores, são necessárias algumas estratégias. O autor pode apresentar-se no
texto como sendo uma voz de autoridade, como um profissional de conhecimentos
notórios autorizado a debater sobre o tema ou como um profissional da área que,
diariamente, lida com o assunto.
7) Evite fazer afirmações ou
generalizações que não possam ser comprovadas. Sem comprovação, fica difícil
convencer alguém. A generalização deve sempre ser evitada, já que as pessoas
são e pensam diferentemente e porque existem outras realidades, culturas e
sociedades que lidam com naturalidade sobre aquilo que repudiamos e vice-versa.
Lembre-se: o mundo é grande e somos seres heterogêneos. Evite, por exemplo,
expressões como: “as pessoas ficam mais conectadas a seus aparelhos celulares
do que a suas famílias...”. TODAS as pessoas são assim? Outra forma de
generalizar é quando o autor aborda o tema apenas a partir de um viés, positivo
ou negativo, ou seja, ou as coisas vão muito bem, ou vão muito mal.
Normalmente, os estudantes posicionam-se politicamente corretos e afirmam que
as coisas vão mal, muito mal. É sempre bom pensarmos: será que não há nada de
positivo sendo feito ao longo dos séculos?
8) O ponto de vista do autor
a respeito do tema deve estar relacionado à tese apresentada ainda na
introdução. Na introdução, o autor do texto apresenta uma tese geral, o que ele
considera como relação de causa e consequência sobre o tema. No
desenvolvimento, o autor apresenta fatos, dados, notícias, vozes e argumentos
que possam comprovar a tese inicial. A partir de cada argumento, o autor faz sua
crítica: concorda ou não, felizmente ou não, que é preciso tomar atitude, etc.
9) O autor deve selecionar
apenas as informações e dados mais relevantes, já que possui um espaço de
apenas 30 linhas para desenvolver todo o texto.
10) Os argumentos selecionados
pelo autor devem ser retirados tanto dos textos motivadores quanto dos
conhecimentos adquiridos ao longo de sua formação. Isso está claro nos comandos
da proposta e significa que será avaliada sua leitura de mundo, seus
conhecimentos nas mais diversas áreas do saber, como filosofia, artes,
biologia, geografia etc., e sua capacidade de relacionar os saberes aos fatos
sociais.
https://mundoeducacao.uol.com.br/redacao/competencia-3-redacao-enem.htm
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