A COMPETÊNCIA 4 NA REDAÇÃO DO ENEM
“Demonstrar conhecimento dos
mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação.”
A competência 4 da redação
do Enem avalia a construção coesiva
do texto, analisando se o candidato consegue aplicar, com pertinência e
diversidade, os pronomes, advérbios, sinônimos, operadores argumentativos e outros
recursos da língua, para encadear as ideias e defender seu ponto de vista. Para
ter um bom desempenho nessa competência, o aluno deve utilizar, sempre que
possível, conectivos entre frases e parágrafos, atentando-se à relação
semântica estabelecida entre as partes.
Essa competência
concentra-se na coesão textual,
ou seja, na avaliação da superfície do texto, buscando identificar se o autor
utilizou conectivos, pronomes, advérbios
e outras expressões, com intuito de relacionar as diferentes partes do
texto e defender seu ponto de vista. Dentro desse recorte, os recursos coesivos
dividem-se em: coesão referencial e
coesão sequencial.
COESÃO
REFERENCIAL
A coesão referencial é aquela que se concentra na manutenção
de um termo ou assunto do texto, analisando se o autor consegue diversificar as
formas de nomear e retomar esse referente, de um modo que a leitura fique
fluida e o leitor consiga compreender o sentido.
Exemplo:
“A educação é uma ferramenta
cidadã, ela deve preparar o
sujeito para a vida adulta de modo integral.”
Como é possível observar, o
pronome “ela” é responsável por
retomar e substituir o substantivo “educação”.
Ao fazer esse movimento, o autor não repete a mesma expressão, mas consegue
indicar, para o leitor, que a nova informação se refere ao mesmo referente: a
educação. Essa indicação só é possível pela marcação superficial com o uso do
pronome: “ela”. Sendo assim, o corretor busca identificar essas marcas e
averiguar se estão adequadamente utilizadas.
Além dos pronomes pessoais,
outros recursos podem ser utilizados para promover a coesão referencial do
texto. Segue alguns exemplos, retirados do material oficial do Inep.
Advérbios:
“Cannes, na França, hospeda
um dos mais respeitados festivais de cinema do mundo. Lá, o filme brasileiro Bacurau recebeu o cobiçado Prêmio do
Júri.”
O advérbio “Lá” é
responsável por estabelecer a relação entre os períodos.
Artigos:
“Comprei um livro na feira
literária em Poços de Caldas. O livro era de Chico Buarque de Holanda,
ganhador do Prêmio Camões.”
O artigo definido “o”, antes
do substantivo “livro”, define esse nome e, no texto, especifica que se refere
ao livro citado na frase anterior, por isso também serve para estabelecer a
relação coesiva.
Sinônimos:
“A importância do respeito
às religiões de origem africana foi lembrada pela aluna. A estudante queria fazer valer seu direito constitucional à
prática religiosa.”
Nesse caso, “aluna” é
substituída por “estudante”, expressões com relação de sinonímia.
Hiperônimos/hipônimos:
“Aquela jovem sabe falar
várias línguas. O guarani é
sua favorita.”
A expressão “guarani” é hipônima da expressão “línguas”. O uso adequado desse recurso faz uma referenciação com efeito de especificação ou abrangência.
Nominalização:
“Os alunos se manifestaram
protestando contra o escândalo de corrupção que envolvia o desvio de verba da
merenda escolar. A manifestação
chamou a atenção da mídia e das autoridades, e instaurou-se uma investigação.”
A nominalização é o recurso
de retomar a ideia anterior, conceituando-a com algum nome. No exemplo, a
expressão “manifestação” retoma toda a ideia do período anterior.
COESÃO
SEQUENCIAL
Por outro lado, a coesão
sequencial se concentra no encadeamento das frases no texto. Como a redação do
Enem é do tipo dissertativo-argumentativo, as estratégias de encadeamento
priorizadas são aquelas que utilizam os operadores argumentativos, tanto para
indicar uma conexão como para explicar a natureza dessa relação (adversativa,
modal, causal etc.).
A competência 4 se
concentra, principalmente, nesses operadores: se foram utilizados, se possuem
diversidade no uso e se estão adequadamente posicionados, estabelecendo as
relações corretas entre as ideias, informações e argumentos. As ferramentas
disponíveis devem ser utilizadas para apresentar e defender o ponto de vista
sobre o tema, pois é exigência do tipo textual dissertativo-argumentativo.
Assim, segue a tabela com os
operadores argumentativos disponíveis para o texto:
Operadores
que somam argumentos a favor de uma mesma conclusão:
também, ainda, nem, não só... mas também, tanto... como, além de, além disso.
Operadores
que indicam o argumento mais forte em uma escala a favor da mesma conclusão:
inclusive, até mesmo, nem, nem mesmo.
Operadores
que deixam subentendida a existência de uma escala com outros argumentos mais
fortes: ao menos, pelo menos, no mínimo.
Operadores
que contrapõem argumentos orientados para conclusões contrárias:
mas, porém, contudo, todavia, no entanto, entretanto, embora, ainda que, posto
que, apesar de.
Operadores
que introduzem uma conclusão com relação a argumentos apresentados em
enunciados anteriores: logo, portanto, pois, por isso, por
conseguinte, em decorrência, resumindo, concluindo.
Operadores
que introduzem uma justificativa ou explicação relativa ao enunciado anterior:
porque, porquanto, pois, visto que, já que, para que, para, a fim de.
Operadores
que estabelecem relações de comparação entre elementos, visando a uma
determinada conclusão: mais... (do) que, menos... (do) que,
tão... quanto.
Operadores
que introduzem argumentos alternativos que levam a conclusões diferentes ou
opostas: ou... ou, quer... quer, seja... seja.
Operadores
que introduzem conteúdos pressupostos no enunciado:
já, ainda, agora.
Operadores
que funcionam numa escala orientada para a afirmação da totalidade ou para a
negação da totalidade. Afirmação: um pouco, quase. Negação:
pouco, apenas.
Dicas
para tirar a nota máxima da competência 4 da redação do Enem
Como pode ser observado, a
competência 4 se concentra na superfície do texto. Ela avalia as estratégias
que servem ao encadeamento de ideias e frases do texto. A seguir, uma lista de
dicas essenciais para ter um bom desempenho nessa competência:
1.Leia
textos argumentativos: antes de praticar, é preciso estudar.
Leia muitos textos argumentativos para se apropriar dos usos, sentidos e
variedades dos operadores, pois isso vai amadurecer seu uso posterior.
2) Releia seu texto: na hora da prova, após a primeira versão,
releia o texto para verificar se houve repetição demasiada ou uso inadequado
dos operadores. Faça todas as alterações necessárias, sempre priorizando o
sentido e a defesa do ponto de vista.
3) Analise a sequenciação: mesmo fazendo uma primeira revisão
superficial, é importante analisar criteriosamente se a sequência de frases e
parágrafos está organizada de modo que o ponto de vista e os argumentos estejam
evidentes e bem relacionados.
4) Use conectivos que você conhece: apesar de ser necessário
diversificar o uso de conectivos, não é aconselhável utilizar operadores que
você desconhece ou não tem propriedade de uso. Isso porque, muitas vezes,
acreditamos formalizar o texto, porém atrapalhamos seu sentido. Se precisar
aumentar seu repertório, pratique a leitura, pois ela ensinará os modos
adequados de aplicar os operadores.
5) Utilize conectivo entre as frases: não se esqueça de aplicar
os operadores ou outros conectivos para conectar as frases que compõem o mesmo
parágrafo, priorizando a unidade de sentido dessa parte.
6) Utilize conectivo entre os parágrafos: também utilize os operadores
e conectivos entre os parágrafos. Nesse caso, busque evidenciar qual a relação
entre os blocos do texto: se acrescenta informação, se conclui informação etc.
https://www.preparaenem.com/enem/competencia-4-da-redacao-do-enem.htm
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